Árbitro com hemiparesia da RIO-2016 está presente no Paparan de Jovens 2017

Natural de Juiz de Fora (MG), Igor Monteiro tem 26 anos e é árbitro há 8. Com 1 ano e 2 meses foi diagnosticado com hemiparesia e desde então sempre fez fisioterapia: “Eu tive incentivo. Trabalhei a parte motora e cognitiva na fase mais importante pra criança, até os 6 anos de idade. Graças a isso eu consigo andar, correr e falar com você aqui hoje.” Além da fisioterapia, Igor sempre praticou esportes e dedicou-se a sua modalidade do coração, o futebol. Na escola era goleiro do time masculino e treinava também com a equipe feminina, apesar do comprometimento dos movimentos do lado esquerdo do corpo.

Com 19 anos, Igor ingressou na Universidade Federal de Juiz de Fora para estudar Educação Física e paralelamente fez um curso de arbitragem. A partir daí, passou a apitar jogos regionais de futsal. Quatro anos depois, em 2015, foi convidado por um professor para integrar a arbitragem do Campeonato Brasileiro de Futebol de 7, sediado em Belo Horizonte.

Igor envolveu-se cada vez mais com o movimento paralímpico e em 2016 foi árbitro nos Jogos Paralímpicos do Rio de Janeiro: “Com muita alegria eu digo que eu fui o primeiro árbitro de Futebol de 7 com paralisia cerebral da história dos jogos paralímpicos.” Igor ressalta que para chegar até aqui passou por muitas dificuldades, mas contou com o apoio de professores, profissionais e, principalmente, da família: “Meus pais e meu irmão sempre me apoiaram e nunca me afastaram do esporte por conta da minha deficiência.”

Leandro Martins/MPIX/CPB

Igor faz parte do time de arbitragem do Futebol de 7 no Paparan de Jovens 2017. O evento é um marco em sua carreira: antes da entrevista, Igor apitou o seu primeiro jogo como árbitro central. “Na Rio-2016 eu atuei apenas como árbitro assistente”. O partida foi entre o Panamá e a Venezuela, que fez 10 gols enquanto o adversário não pontuou. O destaque da partida foi Stuart Ortiz, venezuelano responsável por três gols na partida.

A história de Igor e dos 800 atletas participantes do Parapan são exemplos da capacidade das pessoas com deficiência, que têm alcançado o esporte não só como atletas, mas como gestores esportivos, técnicos, organizadores e, claro, árbitros. “Isso representa o empoderamento da pessoa com deficiência”. Igor integrará a arbitragem nos próximos jogos do Parapan de Jovens 2017 que acontecerão ao longo dessa semana e, além disso, hoje (22) foi promovido ao quadro da International Federation of CP Football (Federação Internacional de Futebol para paralisados cerebrais), o que significa que o árbitro poderá trabalhar em competições internacionais do esporte no futuro.